segunda-feira, 5 de março de 2012

película: CARNIVAL OF SOULS (1962)

 

Este filme de 1962 está envolto numa estranheza que o torna quase desconfortável. Hoje em dia é considerado por muitos apreciadores como uma película de culto, no que diz respeito ao terror psicológico, uma vez que terá sido uma das primeiras experiências assumida e declaradamente nesse campo, mas mesmo quando fazemos o exercício de o contextualizar no seu tempo, esforço técnico e consequentes resultados, o desconforto não desaparece facilmente!
 
O argumento, muito resumidamente, leva-nos a acompanhar a história da misteriosa protagonista, organista de profissão, que se vê como única sobrevivente de um despiste que leva o carro onde seguia com as suas amigas ao fundo de um rio. Após esta tragédia de estranhos contornos, a nossa loura (Candace Hilligoss), muda-se para outra cidade onde rapidamente começa a sentir que algo de muito misterioso se passa com ela, devido a recorrentes episódios em que se parece encontrar isolada do mundo ao seu redor, às estranhas e frequentes visões de um homem de aspecto macabro, bem como uma inexplicável atracção por um parque de diversões abandonado! Os restantes detalhes e demais evoluções da história deixo para quando quiserem dar uma oportunidade a esta produção independente realizada por Herk Harvey!
 
A estranheza e desconforto de que falava no início, tem mais a haver com a natureza da produção do que propriamente com o filme em si. Isto acontece, porque estamos a falar de uma obra que foi levada a cabo em três semanas, com escassos meios e fundos, por uma equipa técnica de seis pessoas e onde os actores eram maioritariamente amadores! É certo que, de acordo com os especialistas, Carnival Of Souls veio a influenciar o trabalho de nomes com David Lynch ou George Romero, mas a característica independente deste filme sobressai demasiado, por exemplo, nas interpretações dos seus actores. Estranhas. Desconfortáveis e com um sentido de ritmo que deixa muito a desejar. O preço a pagar por um orçamento de pouco mais de 30 mil dólares. Mas é também este tipo de coisas que alimenta as obras que acabam por se tornar em peças de culto cinéfilo!
 
O certo é que CARNIVAL OF SOULS não necessitou de recorrer aos efeitos especiais ou truques de fotografia para inspirar ansiedade e apreensão, valendo-se apenas do ambiente, dos detalhes que ficam por revelar numa história à medida que ela avança, bem como dos jogos psicológicos que tantas vezes são capazes de atraiçoar a razão e o bom senso! Nasce assim uma obra objecto de culto.

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